REPORTAGEM – CALCETEIROS DO MUNICÍPIO DE VILA VERDE «Cada calçada que fazemos é uma marca que deixamos no nosso Concelho»
Atualizado em 01/08/2019NO FINAL DE CADA OBRA, A OPINIÃO DESTES 14 HOMENS É UNÂNIME
«Cada calçada que fazemos é uma marca que deixamos no nosso Concelho»
A arte de calcetar foi desde sempre uma profissão genuinamente portuguesa e intimamente ligada ao nosso património cultural.
No concelho de Vila Verde, poucas são as obras de calçada que não tenham sido feitas pela equipa de calceteiros do Município.
Atualmente são 14 os homens que, todos os dias, assentam pedra a pedra a calçada de vários
adros, de monumentos do concelho, e de outros espaços públicos.
«OS MEUS HOMENS SÃO OS MELHORES CALCETEIROS DO MUNDO»
Albino Alves trabalha no Município de Vila Verde há quase 40 anos. Começou como calceiro, e há cerca de 14 anos, tornou-se encarregado da equipa.
Quando começou a “assentar pedra” poucos eram os que sabiam “fazer esta arte”. Ensinou-a a muitos que ainda hoje trabalham consigo.
Sr. Albino , como lhe costumam chamar, confessa que nunca teve problemas em gerir a equipa. «Eu sou encarregado e eles respeitamme como tal. Acho que isso é meio caminho andado para o trabalho correr bem.»
«Os meus homens são homens para fazer qualquer serviço. Deposito toda a minha confiança no trabalho deles, pois são os melhores calceteiros do mundo» afirma orgulhoso.
O carismático Chiquinho, calceteiro no Município de Vila Verde há mais de 30 anos, concorda «o Sr. Albino sabe bem os homens que tem.» Em relação ao trabalho, não tem dúvidas: «assentar calçada é bonito, mas é muito duro».
Sujeitos ao frio, à chuva e ao calor, todos os membros da equipa parecem concordar que este é o
aspeto mais negativo do trabalho que exercem diariamente.
«GOSTO MUITO DE TRABALHAR EM ADROS DE IGREJAS, PORQUE SÃO AS OBRAS MAIS VISTAS»
«Não há como controlar o tempo, mas fazemos aquilo que podemos e que sabemos», explica Chiquinho.
Apesar de, normalmente, estarem divididos em três equipas, não negam que trabalham como uma família. «A maior parte do nosso tempo é passada uns com os outros. Damo-nos todos muito bem.», confessa
Para Jorge Sousa também calceteiro há mais de 3 décadas, as calçadas dão «uma certa vida aos espaços». Além de oferecer mais segurança à circulação, embelezam ruas e deixam os espaços mais nobres.
Das dezenas de obras que a equipa do Município de Vila Verde tem feito ao longo dos anos, os trabalhadores destacam algumas. Para uns o adro da igreja de Pedregais, para outros o de Cabanelas ou Sande. «Cada obra tem o seu encanto, mas claro que as maiores têm outro impacto quando as terminamos», afirma Jorge.
«CADA CALÇADA QUE FAZEMOS É UMA MARCA QUE DEIXAMOS»
Manuel Pimentel não tinha sequer 15 anos quando começou a trabalhar como calceteiro na Câmara de Vila Verde. É o funcionário mais antigo da equipa. A experiência fêlo ganhar o respeito e admiração dos colegas.
«Gosto muito de trabalhar em adros de igrejas, porque são as obras mais vistas, mas o mais importante é que as mesmas fiquem perfeitas.», confessa
Este trabalho, além de representar um enorme esforço físico, implica também muita responsabilidade.
Grande parte das obras é realizada em adros de igrejas, capelas e ou tros importantes monumentos do património religioso e cultural do concelho e este é um legado que passará de geração em geração.
Município de Vila Verde, 1.8.2019