Livro sobre Abade de Priscos retrata a explicação do maior enigma da cozinha portuguesa do século XX
Atualizado em 05/12/2016A Biblioteca Prof. Machado Vilela acolheu, no dia 2 de dezembro, a apresentação do livro “A vida e as receitas inéditas do Abade de Priscos”, da autoria de Fortunato da Câmara e de Mário Vilhena da Cunha.
A apresentação da obra esteve a cargo do Eurodeputado, Engº José Manuel Fernandes, e contou com a presença do Presidente da Câmara Municipal de Vila Verde, Dr. António Vilela, da Vereadora da Educação, Cultura e Ação Social, Dr.ª Júlia Fernandes, dos dois autores da obra Fortunato da Câmara e Mário Vilhena da cunha.
A obra é uma explicação do maior enigma da cozinha portuguesa do século XX: o desaparecimento do seu alegado livro de receitas. Após largas décadas de silêncio acerca do espólio do famoso Abade de Priscos revelam-se neste livro 40 receitas inéditas, que estão acompanhadas de fotos pessoais, documentos, e manuscritos publicados pela primeira vez desde a morte do Abade em 1930. Abade de Prisco teve uma vida intensa dedicada à fé e às artes culinárias, em que dirigiu e cozinhou mais de 90 banquetes e jantares cerimoniosos.
Segundo os autores ” esta obra retrata, passo a passo, a memória familiar de um conjunto de pratos que compõem um pequeno banquete gastronómico, mas também biográfico, acerca da vida prodigiosa de Manuel Joaquim Machado Rebelo, de todos conhecido como o Abade de Priscos!”
Segundo os autores a premissa deste livro é resgatar a figura do Abade de Priscos da ideia por vezes feita de que ele é apenas uma figura caricatural, ou imaginária, de uma qualquer lenda culinária, e destacam “Basta apenas referir como exemplo o deslize frequente de se referirem ao seu famoso pudim como um doce conventual. Erro factual. O Abade nunca esteve em nenhum convento ou mosteiro, nem há registo na história de Portugal de haver doces conventuais feitos por homens. Este doce é apenas aquilo a que hoje se chamaria uma receita de autor, e como tal, quando muito será um doce do passal, pois certamente foi muitas vezes cozinhado pelo padre Machado Rebelo na sua residência paroquial de Priscos.”
Fortunato da Câmara, é dos autores deste livro, frequentou a Escola Superior de Hotelaria do Estoril e iniciou-se como crítico gastronómico no jornal Sol. Entre 2009 e 2011 teve uma rubrica sobre história da alimentação na rádio Sim. Em 2012 começou a colaborar com a revista Fugas, do Público. É diplomado em Gastronomia e Artes da Mesa pelo Institut des Hautes Études du Goût e a Universidade de Reims, onde atualmente leciona uma masterclass em crítica gastronómica. É autor de Alimentos ao sabor da história, e Os Mistérios do Abade de Priscos premiado pela Academia Portuguesa de Gastronomia. Desde janeiro de 2015 é o crítico gastronómico do Expresso.
Mário Vilhena da Cunha, outro responsável pela obra, pertence à família do Abade de Priscos e a ele se devem as memórias e toda a iconografia que enriquece estae livro.