A tradição continua viva em Gondomar com mais uma malhada de centeio à moda antiga!
Atualizado em 09/08/2016Entre as tradicionais casas de campo e de lavoura, as dezenas de espigueiros e os milhares de hectares de natureza verdejante, a chama da tradição continua bem viva na freguesia de Gondomar, uma das mais pitorescas e tradicionais aldeias da nossa região. No dia, 06 de agosto, o centeio voltou a ser espalhado na eira para uma malhada à moda antiga. Os homens, divididos em duas equipas de cinco ou seis elementos, brandem em uníssono o malho de madeira, num compasso acelerado e vigoroso que quebrava o centeio dourado. Uma prova de vitalidade e destreza que leva a um despique saudável entre as duas ‘equipas’.
Entre malhadas, tempo para matar a sede e procurar uma sombra para fugir do sol abrasante, ainda que por apenas alguns instantes, porque cedo regressarão ao trabalho. Durante a pausa, cabe às mulheres reorganizar as meadas e recolher as sementes que se libertam, porque o pulsar do mundo rural não abranda e é preciso preparar as próximas sementeiras para voltar a colher da terra o sustento. Pelo meio, houve ainda direito a um intervalo mais prolongado em que a alegria e animação do folclore minhoto tomou conta do espaço e a contagiar a plateia vasta que acompanhava o evento. Uma tarde convívio, de preservação e promoção da herança cultural, de transmissão às gerações mais jovens dos saberes e dos sabores do mundo rural, que terminou com uma generosa merenda, à boa moda do Minho.
Preservar a tradição e projetar o futuro
Presente na iniciativa, o presidente da Câmara Municipal de Vila Verde, António Vilela, confessou que estes momentos lhe permitem recuar algumas décadas no tempo, até à casa de lavoura dos seus avós, onde acompanhava bem de perto os ritmos da vida rural, desde a sementeira ao tempo das colheitas. Uma nostalgia que não impede o edil de ter metas bem definidas e os olhos postos no futuro. “Procuramos manter a tradição e recriar quadros do passado, mas sem esquecer que é necessário projetar o futuro e isso passa também pela agricultura. As práticas agrícolas modernizaram-se, mas o sector pode-se ajustar e adaptar para melhor responder às necessidades dos mercados atuais. É isso que temos vindo a fazer em Vila Verde e é por isso que surge hoje por todo o concelho uma variedade de explorações modernas. Há uma grande dinâmica nesse sentido. Ao longo dos últimos anos aprovámos inúmeros projetos agrícolas, fomos um dos maiores concelhos em toda a região Norte nesse indicador”, afirmou.
António Vilela deixou também uma palavra de agradecimento e reconhecimento à Junta da União de Freguesias de Aboim da Nóbrega e Gondomar pela organização de um evento que é já um dos momentos emblemáticos da Rota, sublinhando que “é uma terra de tradição, de onde saiu um dos maiores ícones do concelho de Vila Verde, os Lenços de Namorados, que são hoje autênticos embaixadores da nossa cultura no país e no mundo”. O presidente do Município de Vila Verde concluiu recordando que este é o primeiro fim de semana de uma programação extensa de descoberta ou reencontro comas raízes da tradição minhota, que se estende de agosto a novembro e que abarca mais de 35 iniciativas.