Escavações Arqueológicas no Monte do Oural revelam importante património megalítico
Património Megalítico pode vir a ser valorizado para uso da população
Uma equipa de arqueólogos e estudantes da Universidade do Minho regressou ao Monte do Oural, no concelho de Vila Verde, para dar continuidade às escavações de um conjunto de monumentos funerários megalíticos, datados entre 4000 e 3000 anos antes de Cristo. Trata-se de um achado de elevado valor patrimonial, que poderá vir a ganhar destaque através de um futuro projeto de musealização.
Esta manhã, o Vice-Presidente da Câmara Municipal de Vila Verde, Manuel Lopes, visitou o local dos trabalhos e destacou a importância da investigação em curso. O autarca sublinhou o potencial científico e turístico do património descoberto, considerando que a criação de um espaço museológico dedicado aos achados megalíticos poderá valorizar significativamente a região.
As escavações no Monte do Oural, localizado na União de Freguesias do Vade, tiveram início a 23 de junho e decorrem no âmbito do projeto “Paisagens Mortuárias durante a Pré-História Recente nas Bacias Hidrográficas dos rios Lima e Neiva, Noroeste de Portugal”. Este é um Projeto de Investigação Plurianual de Arqueologia (PIPA), aprovado pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) em dezembro de 2021, com conclusão prevista para 2025.
Os trabalhos no terreno são coordenados pelo arqueólogo Luciano Vilas Boas, da Universidade do Minho, e visam aprofundar o conhecimento sobre os contextos funerários e paisagens simbólicas da Pré-História Recente nesta região do Noroeste português.
Este projeto que pretende conhecer para salvaguardar um património que é de todos, estuda-se a possibilidade de valorização do conjunto megalítico do Oural para usufruto da população.
Os trabalhos são coordenados, institucionalmente, por Ana M.S. Bettencourt, professora do Departamento de História da Universidade do Minho, em Braga, e por Luciano Vilas Boas, bolseiro de doutoramento em Arqueologia da FCT na Universidade do Minho, responsável pelo projeto PIPA.
Conta ainda com investigadores espanhóis, especialistas em fotogrametria, e com uma equipa internacional, com alunos provenientes de vários continentes, como a América Latina e Ásia, além da Europa, que frequentam a Licenciatura e o Mestrado em Arqueologia da Universidade do Minho.
Os trabalhos são apoiados pelo Departamento de História da Universidade do Minho, pela Junta de Freguesia de Vade e pelo Município de Vila Verde, através de protocolo estabelecido com a Universidade
Os trabalhos incidem na Mamoa da Cova dos Mourinhos, um monumento funerário megalítico, de enterramento coletivo, com cerca de 6000 mil anos; no menir do Oural, bloco granítico afeiçoado e fincado ao alto, colocado na área fronteira à entrada da antiga câmara funerária da mamoa; na inventariação de outros núcleos de monumentos megalíticos funerários, existentes neste monte e na limpeza e levantamento fotogramétrico de dois afloramentos com arte rupestre.
Apesar da Mamoa da Cova dos Mourinhos ter sido muito destruída na área da câmara funerária, os trabalhos arqueológicos possibilitam o conhecimento de vários aspetos, a saber:
- foi um monumento onde se verificou um grande investimento construtivo por parte das populações neolíticas que deveriam viver nas imediações, o que seria possível pelas boas condições climáticas da época;
- foi construído sobre um afloramento granítico o que facilitou a extração de esteios e blocos para a sua construção;
- foi um dos maiores que existiu na necrópole megalítica do Monte do Oural, onde até agora se inventariara mais dez monumentos;
- a sua câmara funerária era de grandes dimensões, com cerca de 2 metros de altura, provida de um corredor baixo e virado a nascente;
- aos mortos aí enterrados foram oferecidos objetos em cerâmica e em pedra, alguns de sílex (uma matéria-prima exógena) o que indicia que estas populações tinham contactos com outras mais longínquas;
- após o seu uso, o monumento foi fechado, com um grande anel lítico, em frente do corredor que ainda se conserva.
Vinculado com a entrada do monumento existe um pequeno menir, talvez demarcador da área cerimonial que existiu em frente ao monumento funerário. Outros teriam existido, mas terão sido destruídos com a abertura dos caminhos ali existentes.
Cerca de 1000 anos depois, no 3º milénio a.C. (Calcolítico) este lugar, que pela dimensão da Mamoa constituiu um verdadeiro marco na paisagem, foi remodelado superficialmente. Na sua couraça pétrea protetora abriu-se um covacho, delimitado por blocos graníticos, onde se depositaram vasos cerâmicos que possivelmente acompanhavam um enterramento.
Município de Vila Verde, 2025-07-18
18 de Julho